segunda-feira, 21 de março de 2011

Lugar-comum

Bradley Trevor escreveu certa vez um livro chamado "O sentido da vida", cujo título só não foi mais original que seu texto foi inovador; apesar disso não me arrependo de tê-lo lido: era de extrema clareza e vendia grandes verdades (delas  nem me lembro mais).
Mesmo que viver faça muito sentido, ainda há os que se perguntam sobre o sentido da vida. E eu vos respondo:a morte, meu caro, a morte dá sentido à vida. Sim, não à toa sentido também  significa direção, pois, faça ou não sentido, o fim da pedregosa estrada de cada um não guarda muitas surpresas.
A finitude, mal irremediável que acompanha tudo que existe e não apenas tudo que é vivo, dá termo a todas as coisas e permite que elas sejam compreendidas. Sem fim não há meio ou começo. Não há tempo e as coisas não são o que são.
O rio morre quando chega ao mar (ou a outro rio) mas se não desembocasse não seria rio.
 A semente morre para dar lugar à árvore que produzirá novas sementes.
 E as pessoas, bem, as pessoas morrem para que se lembrem de trabalhar menos, para que beijem seus filhos,abracem seus avós e saboreiem chocolate. Pena que a morte nem sempre seja capaz de tanto; porque ela, bem, ela não faz sentido para a maioria.
 Quanto a nós, resta-nos recorrer a um lugar-comum e lembrar à morte que em se tratando de viver importa menos o fim do que o ínterim. E  à Trevor que a vida é mais sorrateira que qualquer manual, ela é aventura irrepetível a espera de cada um.
    

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