domingo, 20 de fevereiro de 2011

Como disse Vinícius

"No fim ninguém diz adeus". Repete a voz da canção. Será mesmo?
As pessoas não falam muito sobre o fim, creem que se esquecerem dele talvez ele também as esqueça e não venha lançar sobre elas sua maldição.
Quanto ao adeus, bem...Não somos mesmo capazes de dizer adeus e preferimos a covardia do silêncio ou talvez a hipocrisia das expressões evasivas que confundem muito mais que explicam, porque nem mesmo quem fala sabe o que está dizendo ou tem coragem de refletir a respeito. E aqueles amantes de uma vida inteira despedem-se como se um fosse ao supermercado e outro à lavanderia. Um abraço, nos vemos, até breve, eu te ligo. Não vai ligar e também não vão mais se ver porque acabou, simplesmente acabou. Acabou sem que alguém dissesse adeus.
Mas aquele verso pequeno e escorregadio me fez ir ainda mais longe e pensar em todas as vezes que o fim não merece sequer uma despedida. E se nas novelas o fim aparece em letras garrafais desconfio que na vida cotidiana quase sempre as reticências fazem as vezes de ponto final. O tempo, as circunstâncias e os ambientes nos afastam das pessoas e fazem com que aquele rosto ou aquele nome signifiquem cada vez menos até que um dia não passem de lembranças bagunçadas nas gavetas da memória. E quantas histórias enterramos assim? Sem cortejo, sem marcha fúnebre, sem que ao menos percebamos.
                                                               ***
Às vezes essas recordações doem, às vezes não. Sonhos, amigos, amores... perdidos, abandonados? Não! Vividos.
 Alguns são Vinícius outros são românticos. Eu, que sei tão pouco sobre o eterno, posso dispensar o imortal, não o infinito.

Um comentário:

  1. Amei,Marinha! "E se nas novelas o fim aparece em letras garrafais desconfio que na vida cotidiana quase sempre as reticências fazem as vezes de ponto final. " é assim mesmo! mt bom texto,lindona!

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