segunda-feira, 19 de março de 2012

VERDADE

ISTÓRIA
ESCÓRIA
ESTUPRO
ESTUPIDEZ
ESTRAGO
ESPERA
ESTAFA
ESTOPIM
ESTÓRIAS
     ***
HISTÓRIA
E MEMÓRIA




(Em defesa da Comissão da Verdade e contra o perdão e a perpetuação de todas as formas de violação aos direitos humanos.
Chega de anistias!)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

(A) Primeira Pessoa

Eu armada até os dentes
E ela a sorrir...
conformada.
Ela conforme a rotina
E eu inconformada
com elas.
Ela a afirmar tantas vezes
Eu a infirmar outras tantas.
Ela por velhas fórmulas
Eu sempre nova,novas formas.
Ela firme no cais e eu cansada
Nadando em alto mar.
              ***
Ela diz que a vida é vivê-la
Eu conjugo o verbo em pessoa,
em primeira
Ora
Sou plural
Ora
Singular.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Ledo engano

Estive hoje naquela rua,
Velha conhecida de outrora.
E quis revivê-la...
A qualquer pensamento,
A um rasgo de lembrança,
Ao ser que era naquele tempo.
Ora ora...
Quem dera não fosse
Como antes (e tanto) já se disse.
Fosse o rio o mesmo e eu já não seria.
Não corressem eles pro mar
E ainda irremediavelmente
As horas correriam
.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ah... o poeta




Queria ver o mundo como vê o poeta
E que toda reta fosse mais que mera reta
E que toda curva descambasse em rima bela
...
Aos poetas "o ser" e aos humanos o que é
Porque enquanto poeta que é sabe
(muito mais que sabe).
Sente que pouco o mundo seria
Se à natureza não pertencesse o meio
E ao poeta a outra metade.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Garganta

E de novo me invade um grito surdo
Esse fosso que sufoca o peito e o canto
É chaga-arranhão aos olhos do mundo.

Os bons se calam em aplausos, marasmos e atrasos.
E não há nenhum sábio, nenhum mago ou pop-star
Que com esforço possa me explicar o porquê.
Por que há cães de sapato e crianças descalças.
Elas engatinham
e varrem com as mãos o chão das calçadas.

                               ***

Há o explicável, o inexplicável e há a pregnância do inexequível


segunda-feira, 21 de março de 2011

Lugar-comum

Bradley Trevor escreveu certa vez um livro chamado "O sentido da vida", cujo título só não foi mais original que seu texto foi inovador; apesar disso não me arrependo de tê-lo lido: era de extrema clareza e vendia grandes verdades (delas  nem me lembro mais).
Mesmo que viver faça muito sentido, ainda há os que se perguntam sobre o sentido da vida. E eu vos respondo:a morte, meu caro, a morte dá sentido à vida. Sim, não à toa sentido também  significa direção, pois, faça ou não sentido, o fim da pedregosa estrada de cada um não guarda muitas surpresas.
A finitude, mal irremediável que acompanha tudo que existe e não apenas tudo que é vivo, dá termo a todas as coisas e permite que elas sejam compreendidas. Sem fim não há meio ou começo. Não há tempo e as coisas não são o que são.
O rio morre quando chega ao mar (ou a outro rio) mas se não desembocasse não seria rio.
 A semente morre para dar lugar à árvore que produzirá novas sementes.
 E as pessoas, bem, as pessoas morrem para que se lembrem de trabalhar menos, para que beijem seus filhos,abracem seus avós e saboreiem chocolate. Pena que a morte nem sempre seja capaz de tanto; porque ela, bem, ela não faz sentido para a maioria.
 Quanto a nós, resta-nos recorrer a um lugar-comum e lembrar à morte que em se tratando de viver importa menos o fim do que o ínterim. E  à Trevor que a vida é mais sorrateira que qualquer manual, ela é aventura irrepetível a espera de cada um.
    

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Como disse Vinícius

"No fim ninguém diz adeus". Repete a voz da canção. Será mesmo?
As pessoas não falam muito sobre o fim, creem que se esquecerem dele talvez ele também as esqueça e não venha lançar sobre elas sua maldição.
Quanto ao adeus, bem...Não somos mesmo capazes de dizer adeus e preferimos a covardia do silêncio ou talvez a hipocrisia das expressões evasivas que confundem muito mais que explicam, porque nem mesmo quem fala sabe o que está dizendo ou tem coragem de refletir a respeito. E aqueles amantes de uma vida inteira despedem-se como se um fosse ao supermercado e outro à lavanderia. Um abraço, nos vemos, até breve, eu te ligo. Não vai ligar e também não vão mais se ver porque acabou, simplesmente acabou. Acabou sem que alguém dissesse adeus.
Mas aquele verso pequeno e escorregadio me fez ir ainda mais longe e pensar em todas as vezes que o fim não merece sequer uma despedida. E se nas novelas o fim aparece em letras garrafais desconfio que na vida cotidiana quase sempre as reticências fazem as vezes de ponto final. O tempo, as circunstâncias e os ambientes nos afastam das pessoas e fazem com que aquele rosto ou aquele nome signifiquem cada vez menos até que um dia não passem de lembranças bagunçadas nas gavetas da memória. E quantas histórias enterramos assim? Sem cortejo, sem marcha fúnebre, sem que ao menos percebamos.
                                                               ***
Às vezes essas recordações doem, às vezes não. Sonhos, amigos, amores... perdidos, abandonados? Não! Vividos.
 Alguns são Vinícius outros são românticos. Eu, que sei tão pouco sobre o eterno, posso dispensar o imortal, não o infinito.